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🦠Probióticos e microbioma: como os microrganismos certos transformam sua saúde

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 2 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 20 de nov.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem probióticos como:

“Microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro.”

Esses microrganismos benéficos — bactérias e leveduras — vivem naturalmente no corpo humano e são essenciais para o equilíbrio imunológico, digestivo, metabólico e neurológico.Eles competem com patógenos, fortalecem a barreira intestinal, reduzem inflamação e influenciam até o humor através do eixo intestino–cérebro.

🌿 O que define um probiótico de qualidade?

Para exercerem seus efeitos positivos, os probióticos precisam:

✔ Estar vivos e viáveis

A estabilidade depende da cepa, do processo de liofilização e das condições de armazenamento.

✔ Estar em quantidade suficiente (UFC)

As doses eficazes variam entre 10⁹ e 10¹¹ UFC/dia, dependendo da cepa e da indicação clínica.

✔ Serem protegidos contra o ácido gástrico

Por isso, são formulados em cápsulas gastro-resistentes, que só se abrem no intestino.Muitas usam excipientes específicos como Celulosix Lacto®, que envolve os microrganismos em uma matriz natural protetora.

✔ Receber substrato para crescer

Probióticos não conseguem prosperar em um intestino sem fibras.Eles dependem de prebióticos:

  • inulina

  • FOS

  • GOS

  • amido resistente

  • psyllium

  • vegetais ricos em polifenóis

Sem fibras, a maioria “passa pelo intestino sem atuar plenamente”.

✔ Serem cepas específicas e estudadas

Lactobacillus plantarum não faz o mesmo que Bifidobacterium longum. Misturas aleatórias não aumentam a eficácia.

🌍 A perda de diversidade microbiana humana

O corpo humano abriga cerca de 100 trilhões de microrganismos, mas a diversidade do nosso microbioma vem caindo nas últimas gerações.

Comparando o microbioma de sociedades ocidentais com grupos tradicionais — como os Hadza da Tanzânia e povos amazônicos — observamos perda de até 50% das espécies nativas.

Entre os principais culpados:

  • uso frequente de antibióticos

  • alimentação pobre em fibras

  • ultraprocessados (corantes, emulsificantes, conservantes)

  • adoçantes artificiais (sucralose, aspartame, acessulfame-K, eritritol em excesso)

  • emulsificantes (carboximetilcelulose, polissorbato-80)

  • agrotóxicos

  • detergentes e sanitizantes em utensílios e vegetais

  • monotonia alimentar (pouca variedade vegetal e de fibras)

  • baixa ingestão de polifenóis

Isso reduz a capacidade do microbioma de regular imunidade, metabolismo e barreira intestinal.


🌱 Como reconstruir o microbioma naturalmente

A base da saúde intestinal não é o probiótico — é a alimentação.O que realmente sustenta as espécies benéficas é:

✔ variedade de fibras fermentáveis

✔ vegetais, frutas, raízes e legumes

✔ alimentos fermentados vivos (kefir, kombucha, chucrute, kimchi)

✔ alimentos ricos em polifenóis (cacau, uva, frutas vermelhas, chá verde, cúrcuma)

✔ redução de ultraprocessados

✔ diminuição de emulsificantes e adoçantes


Produtos fermentados industrializados costumam ser pasteurizados — e não fornecem bactérias vivas.


💊 Probióticos em cápsulas: quando usar?

Probióticos são especialmente úteis:

  • Após antibióticos

  • Diarreia, constipação, inchaço, SII

  • Baixa imunidade, alergias, dermatites

  • Durante estresse emocional (eixo intestino–cérebro)

  • Quando a dieta é pobre em fibras

  • Quando falta variedade vegetal

  • Em dietas com baixa ingestão de polifenóis

  • Em alimentação rica em ultraprocessados

  • Quando o exame de microbioma intestinal mostra:

    • disbiose

    • inflamação

    • excesso de patógenos

    • redução de butirato

    • baixa diversidade


Probióticos não substituem alimentação — mas podem acelerar a reequilibração intestinal.


🔥 Um ponto essencial: probióticos quase nunca colonizam

Apesar de seus benefícios, é fundamental entender:

➤ Probióticos raramente colonizam o intestino de forma permanente.

Eles atuam como trabalhadores temporários:

  • Passam pelo intestino

  • Modulam inflamação

  • Produzem ácidos e compostos benéficos

  • Competem com patógenos

  • Estimulam espécies nativas


Quem realmente coloniza o intestino são as bactérias nativas, alimentadas por fibras e polifenóis.


✔ Colonização real depende de:

  • fibras

  • polifenóis

  • variedade vegetal

  • ausência de adoçantes

  • redução de emulsificantes

  • mucosa íntegra

  • baixo nível de inflamação


📊 TABELA — PROBIÓTICOS DISPONÍVEIS PARA VENDA E SUAS FUNÇÕES

Abaixo, somente probióticos comercialmente disponíveis:

Grupo / Gênero

Exemplos comerciais

Ações principais

Bifidobacterium

B. lactis HN019, B. longum, B. bifidum, B. breve, B. infantis

• Reduz inflamação


• Melhora constipação e gases


• Importante no humor e imunidade

Lactobacillus / Lacticaseibacillus

L. rhamnosus GG, L. plantarum, L. acidophilus, L. reuteri, L. casei

• Melhora digestão


• Reduz diarreias


• Modula alergias


• Aumenta imunidade

Saccharomyces boulardii

Saccharomyces boulardii

• Excelente pós-antibiótico


• Reduz risco de C. difficile 


• Modula inflamação

Bacillus (esporulados)

Bacillus clausii , B. coagulans, B. subtilis

• Resistentes ao ácido


• Reequilíbrio pós-antibiótico


• Produção de enzimas

Akkermansia (pós-biótico pasteurizado)

Biomansia® 

• Auxilia em glicemia e peso


• Fortalece mucosa


• Reduz inflamação


• Não coloniza (forma pasteurizada)


🧠 Conclusão

Probióticos são ferramentas poderosas — mas não milagrosas.Eles funcionam melhor quando o ambiente intestinal está favorável, o que depende muito mais da alimentação do que da cápsula.

✔ melhoram disbiose

✔ reduzem inflamação

✔ auxiliam na imunidade

✔ ajudam a corrigir alterações no exame de microbioma

✔ modulam humor e metabolismo


Mas necessitam das fibras, polifenóis e variedade vegetal.

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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.

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