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Prebióticos: Saúde do Intestino

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 8 de out.
  • 3 min de leitura

🌱 Prebióticos: combustível para a saúde intestinal

Cerca de 100 trilhões de microrganismos vivem no nosso sistema digestivo, formando a chamada microbiota intestinal. A maior parte deles, em sua maioria anaeróbios, habita o intestino grosso e exerce papéis fundamentais na saúde humana.

🔹 O que são prebióticos?

Os prebióticos são componentes alimentares não digeríveis (principalmente fibras solúveis e fermentáveis) que chegam intactos ao intestino, onde servem de alimento para microrganismos benéficos, como Bifidobacterium e Lactobacillus.

Para que uma fibra seja classificada como prebiótica, deve atender a três critérios;

  • Resistir à digestão no estômago e intestino delgado.

  • Ser fermentada pela microbiota intestinal.

  • Estimular seletivamente o crescimento e/ou a atividade de bactérias associadas à saúde.

⚠️ Importante: nem toda fibra é prebiótica, mas todo prebiótico é uma fibra.

🔹 Como funcionam?

Durante a fermentação, as bactérias intestinais produzem ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) – como butirato, acetato e propionato. Esses compostos:

  • Nutrem as células intestinais.

  • Fortalecem a barreira intestinal.

  • Modulam o sistema imunológico.

  • Possuem efeitos anti-inflamatórios.

  • Influenciam até órgãos distantes, ao caírem na circulação sanguínea.

O butirato, por exemplo, tem papel chave na renovação do epitélio intestinal e na regulação da inflamação local.

🔹 Principais tipos de prebióticos na alimentação


1. Amidos resistentes

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Resistem à digestão e fermentam no cólon, produzindo butirato.Fontes:

  • Batatas cozidas e resfriadas 🥔

  • Banana verde 🍌

  • Aveia overnight

  • Aveia, cevada e arroz 🍚

  • Feijões e leguminosas


👉 Dica: cozinhar e resfriar batatas ou arroz e servir frio aumenta a formação de amido resistente.

2. Inulina

Fibra prebiótica encontrada em raízes e vegetais. Pode auxiliar na saciedade, controle glicêmico, redução do colesterol LDL e na prevenção do câncer de cólon. Fontes:

  • Alho, cebola, alho-poró 🌱

  • Alcachofra de Jerusalém

  • Raiz de chicória

  • Aspargos e folhas de dente-de-leão


3. Pectina

Polissacarídeo presente em frutas, com propriedades antioxidantes e protetoras da mucosa intestinal.Fontes:

  • Maçãs 🍎

  • Pêssegos, damascos, framboesas

  • Tomates 🍅

  • Cenoura, batata e vagem


🔹 Quanto consumir?

A OMS recomenda cerca de 24 g de fibras por dia. No Brasil, entretanto, o consumo médio é de apenas 4 g/dia, segundo estudo da UFMG liderado pela gastroenterologista Maria do Carmo Friche Passos.

Para atingir a meta, a Universidade da Califórnia sugere:

  • Pelo menos 5 porções de frutas e vegetais/dia.

  • 1 porção de grãos integrais em cada refeição.

  • Trocas inteligentes: arroz integral no lugar do branco, cereais com ≥5 g de fibras por porção, feijões e lentilhas em sopas e saladas, sementes de chia (2 colheres = 10 g de fibras).


🔹 Suplementos prebióticos

Quando a dieta não é suficiente, os suplementos podem ajudar a modular o microbioma. Alguns exemplos:

  • Inulina

  • FOS (frutooligossacarídeos) – de vegetais, não calóricos.

  • XOS (xilooligossacarídeos) – derivados da hemicelulose, estimulam Bifidobacterium.

  • Fibregum B (goma acácia) – fermentação lenta e gradual.

  • Psyllium, polidextrose, pectina.


🌿 Sinergia: prebióticos + probióticos = simbióticos

A combinação de prebióticos e probióticos é chamada de simbiótico.Essa união potencializa os efeitos de ambos, promovendo:

  • aumento da diversidade microbiana,

  • melhora da digestão e da imunidade,

  • redução da inflamação intestinal e sistêmica.


Suplementos simbióticos são especialmente úteis após o uso de antibióticos, em quadros de síndrome do intestino irritável, constipação crônica e doenças metabólicas.


🌿 Conclusão

Uma alimentação rica em fibras de origem vegetal é a forma mais eficaz de nutrir sua microbiota e fortalecer a saúde. Prebióticos não apenas alimentam as bactérias boas, mas também influenciam o metabolismo, o sistema imune e até a saúde mental.

Uma simples mudança no prato pode transformar o equilíbrio do seu intestino e, com ele, todo o organismo.
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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



📚 Para saber mais:

Foods. 2019 Mar; 8(3): 92


Holscher HD.

Gut Microbes. 2017 Mar 4;8(2):172-184.


Hijová E, Bertková I, Štofilová J.

Cent Eur J Public Health. 2019 Sep;27(3):251-255.

Yadav MK, Kumari I, Singh B, Sharma KK, Tiwari SK.

Appl Microbiol Biotechnol. 2022 Jan;106(2):505-521


California University



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