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PREVALÊNCIA DO AUTISMO - BRASIL E USA

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 27 de ago.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de set.

A prevalência do autismo vem aumentando de forma significativa nos últimos anos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.


Estados Unidos

O CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA) acompanha há mais de 20 anos a evolução do Transtorno do Espectro Autista (TEA) por meio da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências de Desenvolvimento (ADDM), que analisa dados de crianças de 8 anos em 11 estados americanos.

  • 2000: 1 em cada 150–250 crianças.

  • 2017: 1 em cada 56.

  • 2018 (divulgado em 2021): 1 em cada 43 (23 por 1.000 crianças).

  • 2020 (divulgado em 2023): 1 em cada 36, um aumento de 317% desde 2000.

  • 2022 (divulgado em 2025): 1 em cada 31 crianças com TEA.


Os dados mostram também que:

  • O autismo é 4 vezes mais frequente em meninos do que em meninas.

  • Em 2023, 37,9% das crianças tinham deficiência intelectual associada.

  • As taxas variaram entre os estados: de 16,5 por mil no Missouri a 38,9 por mil na Califórnia.

  • Houve mudanças no perfil demográfico: até 2018, as maiores prevalências estavam entre crianças brancas e de áreas ricas; a partir de 2020, crianças negras, latinas e asiáticas passaram a ter percentuais iguais ou maiores.

    • 3,7% em crianças negras

    • 3,3% em crianças hispânicas

    • 3,8% em crianças asiático-americanas

    • 2,8% em crianças brancas


Especialistas ressaltam que parte do autismo é explicada por causas genéticas, mas que a velocidade do crescimento aponta para fatores ambientais e metabólicos associados (poluentes, agrotóxicos, metais tóxicos, alterações imunológicas, microbiota intestinal e neuroinflamação). Embora maior conscientização e ampliação do diagnóstico também tenham impacto, não justificam sozinhas o aumento expressivo.

Brasil

Em 22 de maio de 2025, o IBGE divulgou dados inéditos sobre autismo a partir do Censo 2022, identificando 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de TEA, o que equivale a 1,2% da população brasileira.

  • A faixa etária com maior prevalência foi a de 5 a 9 anos (2,6%).

  • O autismo é mais comum entre homens (1,5%) do que em mulheres (0,9%): 1,4 milhão de homens e 1,0 milhão de mulheres.

  • Considerando sexo + idade, o maior percentual foi entre meninos de 5 a 9 anos (3,8%), ou 264,6 mil crianças. Entre meninas dessa faixa, a taxa foi de 1,3% (86,3 mil).

  • Entre crianças de 0 a 4 anos: 2,9% dos meninos e 1,2% das meninas foram diagnosticados.

  • No recorte racial:

    • Brancos: 1,3% (1,1 milhão de pessoas)

    • Pardos: 1,1% (1,1 milhão)

    • Pretos: 1,1% (221,7 mil)

    • Amarelos: 1,2% (10,3 mil)

    • Indígenas: 0,9% (11,4 mil)

Regionalmente, não houve grandes diferenças: todas as regiões apresentaram em torno de 1,1% a 1,2%. O maior número absoluto está em São Paulo, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.


Tendência mundial

Esse crescimento da prevalência do autismo não se restringe aos EUA e ao Brasil: estudos na Europa, no Canadá e em países da Ásia também vêm mostrando aumentos progressivos. A OMS estima que cerca de 1% da população mundial esteja dentro do espectro.


Autismo em adultos

Embora a maioria dos estudos se concentre em crianças, o autismo em adultos  também vem ganhando destaque. Muitos só recebem diagnóstico na vida adulta, quando finalmente encontram explicação para suas diferenças em comunicação, interesses e forma de perceber o mundo. Isso ocorre porque, durante décadas, critérios diagnósticos eram voltados quase exclusivamente para crianças, especialmente meninos.

O aumento dos diagnósticos em adultos reflete tanto uma maior conscientização quanto uma correção de lacunas históricas. Hoje, mulheres, pessoas com TEA de suporte leve e grupos sociais antes invisibilizados estão sendo reconhecidos. Esse movimento amplia ainda mais os números da prevalência e mostra a importância de políticas públicas que contemplem todas as fases da vida, incluindo inclusão no mercado de trabalho, saúde mental, suporte social e acessibilidade.



Prevalência, incidência e subdiagnóstico

É importante lembrar que os números falam de prevalência (quantas pessoas em determinada idade já têm diagnóstico), e não de incidência (novos casos). Além disso, mesmo esses levantamentos podem subestimar a realidade, já que muitas pessoas, especialmente mulheres, autistas de suporte leve ou de grupos sociais menos favorecidos, ainda não recebem diagnóstico formal.


Impactos sociais e de saúde

O aumento da prevalência do autismo tem implicações profundas:

  • Maior demanda por educação inclusiva e professores capacitados.

  • Necessidade de intervenções precoces em saúde e apoio às famílias.

  • Políticas públicas de inserção social e empregabilidade para adultos autistas.

  • Planejamento de serviços de saúde mental e apoio comunitário.


Conclusão

Tanto nos EUA quanto no Brasil, os números confirmam que o autismo é uma condição cada vez mais prevalente, com impacto crescente em famílias, serviços de saúde e políticas públicas. A associação de fatores genéticos, ambientais e metabólicos parece desempenhar papel importante, mas as causas do aumento seguem sem resposta definitiva.


Ao mesmo tempo, cresce a consciência social e científica sobre o autismo, abrindo caminho para diagnósticos mais precoces, pesquisas aprofundadas e práticas mais inclusivas. O desafio é enorme, mas também representa uma oportunidade para construir uma sociedade mais justa e acolhedora.





Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.


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