MICROBIOMA E LONGEVIDADE.
- Berenice Cunha Wilke
- 25 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de mar. de 2024
Será que as bactérias intestinais podem estar relacionadas com saúde e longevidade?
Vários estudos tem mostrado que sim. Esses microrganismos intestinais estão envolvidos com o adequado funcionamento do corpo e com envelhecimento saudável. As pesquisas tem mostrado que o microbioma intestinal tem um papel importante no equilíbrio imunológico e na melhora das funções cognitivas relacionadas ao envelhecimento. Além disso, tem também um papel na melhora da musculatura do idoso.
Uma nova pesquisa, publicada na revista Nature Metabolism em novembro de 2021, descobriu que, à medida que as pessoas envelhecem, a composição dessa comunidade complexa de micróbios que compõem o microbioma intestinal tende a mudar. E quanto maior a mudança ocorrida nos idosos melhor.
Um estudo anterior, publicado na revista Nature em fevereiro de 2021, acompanhou cerca de 9.000 pessoas acima de 18 anos, sendo 900 idosos, e descobriu que pode ser possível prever a probabilidade de viver uma vida longa e saudável analisando os trilhões de bactérias, vírus e fungos que habitam o sistema digestivo. Esse estudo também mostrou que a composição da flora intestinal varia ao longo da vida e quanto maior for essa variação nos idosos, maior a longevidade.
O microbioma fecal vária ao longo de toda a vida e essas mudanças são importantes na fisiologia de cada faixa etária. Quando essa mudança não ocorre com o envelhecimento, há uma piora na saúde geral do idoso:
Níveis de colesterol e triglicerídeos mais altos
Níveis mais baixos de vitamina D,
Pessoas menos ativas e que não conseguem andar tão rápido.
Maior uso de medicamentos,
Maior chances de morte precoce.
Essas mudanças do microbioma são encontradas particularmente nos idosos que vivem mais de 100 anos e apresentam menor suscetibilidade a doenças associadas ao envelhecimento, inflamação crônica e doenças infecciosas.
No Japão, pesquisadores avaliaram microrganismos encontrados em amostras fecais de centenários com idade média de 107 anos em comparação com pessoas de 85 a 89 e adultos mais jovens (média de 55 anos). A pesquisa revelou que diversas bactérias, incluindo cepas de Odoribacteraceae, produtoras de ácidos biliares secundários com poder antimicrobiano estão aumentadas nos indivíduos centenários.
Os ácidos biliares secundários são decorrentes da ação de bactérias da microbiota intestinal e parecem auxiliar na proteção intestinal e regulação de respostas imunológicas exercendo potentes efeitos contra patógenos Gram-positivos multirresistentes contribuindo para a manutenção da homeostase e saúde intestinal.

Achados anteriores confirmam que a microbiota de idosos mais jovens e centenários é diferente entre si, o que leva a crer que cuidar do microbioma intestinal pode ser um bom caminho para atingir a longevidade e bem-estar imunológico, físico e mental.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Wilmanski T, et all.
Nat Metab. 2021 Feb;3(2):274-286.
Yuko Sato et all
Nature. 2021 Nov;599(7885):458-464
Mackowiak PA.
Front Public Health. 2013; 1:52.
Zhe Luan et all.
Front Microbiol. 2020 Jul 2;11:1474.
Thevaranjan N, Puchta A, Schulz C, et al.
Cell Host Microbe. 2017; 21(4): 455-466.






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