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MERCÚRIO - FRANÇA TIRA O ATUM DA MERENDA ESCOLAR

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 29 de set.
  • 3 min de leitura

Atum nas escolas francesas: por que algumas cidades decidiram suspender o consumo?


Nos últimos meses, o atum enlatado virou notícia na França. O motivo? A preocupação com a contaminação por mercúrio, um metal pesado que pode se acumular em grandes peixes predadores e trazer riscos à saúde, principalmente de crianças e gestantes.


O que aconteceu

Oito grandes cidades francesas – entre elas Paris, Lyon, Lille, Grenoble, Montpellier e Rennes – decidiram suspender temporariamente o atum enlatado das cantinas escolares. A medida foi motivada por relatórios de organizações como a BLOOM e a Foodwatch, que apontaram níveis de mercúrio acima do considerado seguro em amostras de atum disponíveis no mercado.


Segundo as prefeituras, a decisão é preventiva: o atum só voltará aos cardápios quando houver uma revisão mais rigorosa das normas nacionais e europeias que estabelecem os limites máximos de mercúrio nos peixes.


Por que o atum preocupa?

O atum, por ser um peixe grande e predador, acumula mais mercúrio ao longo da cadeia alimentar do que espécies menores. Atualmente, a legislação europeia permite que o atum tenha níveis mais altos de mercúrio do que outros peixes – uma exceção que vem sendo bastante criticada por especialistas em saúde pública.


A exposição excessiva ao mercúrio pode afetar o sistema nervoso em desenvolvimento, prejudicando especialmente crianças pequenas e fetos durante a gestação.


O que o mercúrio causa no cérebro?


O mercúrio, principalmente na forma de metilmercúrio, é um potente neurotóxico.

Quando se acumula no organismo, pode atravessar a barreira hematoencefálica e afetar diretamente o cérebro. Eis os principais efeitos:


🔹 No desenvolvimento infantil e fetal

  • Prejudica a mielinização dos neurônios, dificultando a condução elétrica adequada.

  • Pode comprometer o desenvolvimento cognitivo: aprendizado, memória, atenção e linguagem.

  • Está associado a déficit motor fino e coordenação motora.

  • A exposição na gestação aumenta o risco de atraso neuropsicomotor na criança.

  • Pode estar associado ao autismo

🔹 No cérebro adulto

  • Afeta a função mitocondrial, gerando mais estresse oxidativo e inflamação.

  • Pode causar tremores, alterações de humor, ansiedade e depressão.

  • A exposição crônica está ligada a declínio cognitivo e risco maior de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.

  • Interfere na neurotransmissão, especialmente nos sistemas dopaminérgico e glutamatérgico.

O que isso significa para o consumidor?

Por enquanto, não se trata de uma medida nacional na França, mas de decisões locais de algumas prefeituras. No entanto, o debate reacendeu a necessidade de rever os limites oficiais de mercúrio nos alimentos e reforçou a importância de variar o consumo de peixes, optando também por espécies menores e de menor risco, como sardinha, anchova e cavala.


O caso abre um debate importante: como equilibrar o consumo de peixe, fonte de nutrientes valiosos, com os riscos da contaminação ambiental?


Conclusão

O caso do atum nas escolas francesas mostra como a alimentação escolar pode ser um campo de debates sobre saúde pública, segurança alimentar e escolhas sustentáveis. Enquanto aguardamos revisões regulatórias mais firmes, a recomendação para famílias e escolas continua sendo a mesma: equilíbrio e diversidade no prato.


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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma certificação internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.

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