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ARQUEAS E INTESTINO PRESO

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 4 de jul.
  • 3 min de leitura

O microbioma intestinal é formado por uma imensa comunidade de microrganismos: bactérias, vírus, fungos e também arqueias. Embora as bactérias predominem, cerca de 1 a 2% da microbiota do intestino grosso é composta por arqueias.


As arqueias são microrganismos unicelulares que se parecem com bactérias sob o microscópio, mas do ponto de vista genético, pertencem a um domínio separado da vida. Elas são únicas e diferentes de todos os outros seres vivos conhecidos.


Um dos traços mais marcantes das arqueias é sua capacidade de viver em ambientes extremos — como fontes termais, fundo dos oceanos, desertos… e também dentro do intestino humano!

As principais arqueas identificadas no intestino humano são Methanobrevibacter smithii e Methanosphaera stadmanae.


🔍 Quais são as arqueias mais comuns no intestino?

As duas espécies mais encontradas no intestino humano são:

  • Methanobrevibacter smithii

  • Methanosphaera stadtmanae


🧪 O que as arqueias fazem no intestino?

As arqueias não fermentam fibras como as bactérias. Em vez disso, elas consomem o hidrogênio (H₂) e o dióxido de carbono (CO₂) produzidos pelas bactérias fermentadoras e, transformam esses gases em metano (CH₄).

Esse processo tem efeitos importantes:

  • Ajuda a manter o equilíbrio do microbioma, evitando acúmulo de hidrogênio.

  • Pode modular indiretamente a inflamação e o estresse oxidativo.

  • Em excesso, a produção de metano pode reduzir os movimentos intestinais, favorecendo prisão de ventre.

💡 Importante: o metano não tem cheiro - o odor dos gases intestinais está relacionado principalmente ao gás sulfídrico.

⚖️ Arqueias em equilíbrio = microbioma saudável

Para um intestino funcionar bem, o ideal é que haja um equilíbrio entre as bactérias produtoras de hidrogênio e as arqueias metanogênicas que o consomem. Quando esse equilíbrio se perde e as arqueias se multiplicam demais, pode surgir uma condição chamada supercrescimento metanogênico intestinal (IMO).


❗️Sintomas comuns do excesso de arqueias:

  • Inchaço abdominal persistente. Sensação constante de estufamento, mesmo comendo pouco.

  • Constipação crônica resistente a laxantes. O metano reduz a motilidade intestinal.

  • Digestão lenta e sensação de peso. Os alimentos demoram mais a passar pelo intestino.

  • Cólicas e dor abdominal. Pelo acúmulo de gases no trato digestivo.


🌱 Como as arqueias se alimentam?

As arqueias não se alimentam diretamente das fibras, como fazem as bactérias. Elas se alimentam dos subprodutos da fermentação bacteriana - especialmente o hidrogênio.

Ou seja:

  1. Você consome fibras e prebióticos.

  2. As bactérias boas fermentam esses compostos e produzem H₂.

  3. As arqueias consomem esse hidrogênio para gerar metano.

👉 Por isso, fibras alimentam indiretamente as arqueias — e elas vivem em simbiose com as bactérias benéficas. A falta ou diminuição das arqueias no intestino pode ser sinal de que a microbiota benéfica também está empobrecida.


🧫 Como identificar arqueias na microbiota?

A presença de arqueias pode ser detectada por exames de alta tecnologia, como:

  • 🔬 Sequenciamento genético das fezes (mapeamento do microbioma)

  • 💨 Teste de gases expirados (lactulose ou glicose) — usado para investigar produção de metano e diagnosticar IMO


Esses exames estão disponíveis em diversos laboratórios especializados.



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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.

Para saber mais:


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