A atividade física ajuda a prevenir as demências.
- Berenice Cunha Wilke
- 5 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de nov.
A inatividade física é hoje reconhecida como um dos principais fatores que aumentam o risco de doenças crônicas — e isso inclui as demências.
Um estudo global publicado recentemente no British Journal of Sports Medicine, analisando dados de 168 países, mostrou que não se exercitar o suficiente aumenta o risco de desenvolver demência em cerca de 8%.
Além disso, os autores destacaram que:
7,2% das mortes por todas as causas
7,6% das mortes cardiovasculares
no mundo podem ser atribuídas à falta de atividade física.
O que é considerado inatividade física?
A Organização Mundial da Saúde define como fisicamente inativo quem não atinge pelo menos:
150 minutos de atividade física moderada por semana(≈ 20 minutos por dia)ou
75 minutos de atividade intensa por semana,ou ainda uma combinação equivalente.
E mesmo níveis discretamente abaixo disso já aumentam o risco de hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e demência.
No estudo, pessoas insuficientemente ativas tiveram:
1,6% mais risco de hipertensão
8,1% mais risco de demência
Esses valores podem parecer pequenos, mas quando aplicados a populações inteiras representam impacto significativo em saúde pública.
Por que países mais ricos se exercitam menos?
Os dados mostraram que, quanto maior o nível de renda do país ou município, maior a inatividade física.
Segundo Peter Katzmarzyk, do Pennington Biomedical Research Center:
O uso de veículos aumenta.
O transporte ativo (caminhar, pedalar) diminui.
A vida fica mais sedentária com tecnologia, facilidades e menor necessidade de movimento espontâneo.
Fiona Bull, da OMS, reforça que a urbanização e o excesso de conveniência reduzem naturalmente o gasto energético no dia a dia.
Por que a atividade física protege o cérebro?
Porque ela:
melhora o fluxo sanguíneo cerebral
reduz inflamação sistêmica
aumenta a neuroplasticidade
estimula fatores neurotróficos como o BDNF
melhora sono, humor e controle metabólico
reduz o risco de diabetes e doenças vasculares — grandes contribuintes das demências
Atividade física regular é um dos pilares mais consistentes para prevenção das demências, Alzheimer e Doença Vascular Cerebral.
Como aumentar sua atividade física de forma realista?
Dana Santas, especialista em mobilidade e preparação física, explica que ficar muito tempo inativo é como “deixar um carro parado por meses e depois tentar ligá-lo”:o corpo perde funcionalidade.
Ela sugere começar com:
✔ 10 a 15 minutos por dia de movimento
Caminhada, alongamento, mobilidade, exercícios leves — tudo conta.
Muitas pessoas acreditam que é preciso fazer 1 hora de exercício, mas isso não é verdade. Com apenas 11 minutos por dia já há benefício comprovado na longevidade.
Pequenas mudanças que ajudam:
Caminhar mais (mesmo que dentro de casa ou no quarteirão)
Subir escadas
Alongar ao acordar
Pausas ativas a cada 1–2 horas
Breves séries de agachamentos, polichinelos ou mobilidade
Mensagem final
A boa notícia é que nunca é tarde para começar, e pequenos esforços feitos todos os dias têm impacto enorme na proteção do cérebro — inclusive na prevenção das demências.

Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Peter T Katzmarzyk et all.
Br J Sports Med 2021;0:1–7.






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