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SÍNDROME CDKL5

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 26 de out. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de abr. de 2024

Muitas famílias cujas crianças apresentam doenças raras tem conseguido um diagnóstico através dos novos exames genéticos como o exoma, a síndrome CDKL5 é uma delas. Como essa síndrome tem muitas características comuns com a síndrome de Rett, que é uma doença genética mais frequente e conhecida, a síndrome CDKL5 muitas vezes era confundida com a síndrome de Rett.


A síndrome CDKL5 foi identificada pela primeira vez em 2004, originalmente foi considerada uma variante da Síndrome de Rett. No entanto, embora tenham características semelhantes, a síndrome de deficiência de CDKL5 foi reconhecida como uma doença diferente da síndrome de Rett em 2020. Ela na Classificação Internacional de Doenças (CID) recebeu em 2020 o código de diagnóstico G40.42


A síndrome de Rett é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta principalmente mulheres, é tipicamente caracterizado por perda de habilidades de linguagem e do uso das mãos, marcha prejudicada ou ausente, dispraxia, déficits cognitivos, comportamentos estereotipados, convulsões e irregularidades autonômicas, incluindo alterações respiratórias e gastrointestinais e, osteoporose ou osteopenia prematuras.


A síndrome devida a alteração do CDKL5 tem características fenotípicas sobrepostas a síndrome de Rett, incluindo convulsões e atrasos no desenvolvimento, disfunção do trato gastrointestinal, escoliose, fala limitada ou ausente e distúrbios do sono. No entanto, o atraso no desenvolvimento costuma ser mais grave, iniciando desde o nascimento, com o início das convulsões antes dos 3 meses de idade. Embora seja mais frequente em mulheres, quando ocorre nos homens é bem mais grave.


Tanto a síndrome de Rett quanto a síndrome CDKL5 ocorrem por alterações no cromossomo X. A primeira é devida ao gene MECP2 em 90-95% dos casos, e a segunda a mutações no gene CDKL5.


EPILEPSIA


Na CDKL5 a epilepsia é de início precoce e normalmente refratária aos tratamentos o que compromete tanto a qualidade de vida quanto o neurodesenvolvimento.

Cerca de 90% dos pacientes com CDKL5 têm início das convulsões entre seis semanas a três meses de idade, sendo que 80% apresentam convulsões diárias.


DISTÚRBIOS GASTRO INTESTINAIS


Os sintomas gastrointestinais foram relatados pelos pais em até 86,5% dos casos no "International CDKL5 Disorder Database ", sendo na maioria das vezes constipação (70,9%), refluxo gastrointestinal (64,1%) ou deglutição de ar (27,1%). A disfagia e a distensão abdominal também são frequentes.

Cerca de 1 em cada 5 crianças dessa síndrome é alimentada por sonda.


OUTROS SINTOMAS:


• Grave atraso de desenvolvimento global

• Deficiência intelectual

• Hipotonia

• Distúrbios de sono

• Movimentos discinéticos,

• Distúrbios autonômicos e respiratórios

• Habilidades manuais muito limitadas

• Estereotipias manuais na forma de movimentos de toque ou boca

• Fala limitada ou ausente

• Hipersensibilidade ao toque, por exemplo, não gosto de escovar os cabelos

• Falta de contato visual ou contato visual inadequado

• Comprometimento visual cortical, também conhecido como "cegueira cortical"

• Características como um olhar de soslaio e hábito de cruzar as pernas

• Refluxo gastroesofágico e outros problemas gastrointestinais graves, como baixa motilidade intestinal

• Pés pequenos e frios

• Irregularidades respiratórias, como hiperventilação

• Ranger de dentes

• Episódios de rir ou chorar sem motivo aparente

• Tônus muscular baixo / pobre

• Algumas tendências autistas

• Escoliose

• Apraxia

• Desafios de comer / beber (recusa em comer e beber, bem como parar de comer por completo)

• Sono interrompido


NOVO TRATAMENTO APROVADO PARA AS CONVULSÕES - GANAXOLONE


Recentemente a ganaxolona (Ztalmy) foi o primeiro medicamento aprovado para o tratamento das convulsões no CDKL5 e demonstrou ter um perfil de risco-benefício positivo. Espera-se que o agente esteja disponível em julho de 2022 nos USA.

A ganaxolona é ​​um esteroide neuroativo que atua como um modulador alostérico positivo do receptor GABAA. A aprovação foi dada em decorrência do estudo de fase 3, duplo cedo e controlado por placebo que analisou 101 pacientes mostrando uma redução média de 30,7% na frequência de convulsões motoras maiores em 28 dias, em comparação com uma redução de 6,9% para aqueles que receberam placebo. O resultado foi estatisticamente significativo ( P = 0,0036).


No estudo de extensão aberto, aqueles que receberam a ganaxolona por pelo menos 1 ano (n = 48) relataram uma redução média de 49,6% na frequência de convulsões motoras maiores.


A ganaxolona demonstrou eficácia, segurança e tolerabilidade em geral. Os eventos adversos mais comuns (incidência ≥5% e pelo menos duas vezes a taxa de placebo) no grupo ganaxolona foram sonolência, febre, hipersecreção salivar e alergia sazonal.


NOVIDADES DO CDKL25 FORUM 2022 - BOSTON - divulgadas por Ana Carolina que é mãe de uma menina com CDKL5 e tem prestado enormes serviços na divulgação dos avanços científicos que envolvem essa doença rara. Veja o vídeo da Ana Carolina aqui.






TEORIA GÊNICA - modifica o curso da doença

















Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para acompanhar pesquisas em andamento:




Associações e mídias sociais


Para saber mais:


Sam Amin et all.

Front. Neurol., 20 June 2022 | https://doi.org/10.3389/fneur.2022.874695

Kadam SD, et all

Int J Mol Sci. 2019 Oct 15;20(20):5098.

Demarest S, et all

Pediatr Neurol. 2019 Aug;97:38-42.


Olson HE, et all

Pediatr Neurol. 2019 Aug;97:18-25.





Lancet Neurol. 2022 May;21(5):417-427.



1 Comment


mm.a.posada
há 4 dias

Hola, tengo una nieta con el Síndrome CDKL5, el estudio genético de ella resultó con una mutación "leve" de la cual no hay estudios suficientes por lo que vuelve su condición complicada en el sentido de no saber exactamente cómo abordar su situación.

Mi nieta tiene 5 años y fue diagnosticada a los 3 años. Ella camina, habla sin fluidez, tiene problema en procesar estímulos, tiene momentos de ira, llanto, gritos y todos los que estamos cerca no sabemos qué hacer, es muy doloroso amarla tanto y no poder ayudarla.

Me gustaría participar en grupos de apoyo para casos así si es que existen y a mí hija también. Es terriblemente desalentador no tener expectativas al respecto.

Mi hija y…

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