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PERDER PESO É SÓ O COMEÇO: COMO EVITAR O EFEITO SANFONA

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 3 de set.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 4 de set.

A alegria da conquista 🎉

Perder peso é sempre motivo de felicidade. Alcançar um corpo mais saudável traz benefícios para a autoestima e, principalmente, para a saúde. Mas surge a grande pergunta: como manter o peso conquistado? A resposta é simples na teoria: continuar fazendo o que levou à perda de peso. Porém, na prática, é aqui que mora o verdadeiro desafio.


Obesidade: uma doença crônica 🩺

Por muito tempo, o excesso de peso foi visto como preguiça ou falta de disciplina. Hoje sabemos que a obesidade é uma doença crônica, reconhecida por todas as sociedades médicas. Ela resulta de um desequilíbrio nos mecanismos cerebrais que regulam a saciedade e o gasto energético, fazendo a pessoa comer mais do que precisa e gastar menos energia.

Esse desequilíbrio tem base genética, mas é agravado por fatores ambientais, como:

  • sedentarismo,

  • má qualidade do sono,

  • poluição ambiental,

  • exposição a disruptores endócrinos (como pesticidas e plásticos),

  • medicamentos que favorecem ganho de peso.

Assim como acontece na hipertensão ou no diabetes, quando o tratamento é interrompido, a doença retorna – e no caso da obesidade, muitas vezes o peso volta maior do que o inicial.


Por que o corpo insiste em recuperar peso? ⚖️

O hipotálamo, centro de controle da fome e do gasto energético, atua para levar o corpo de volta ao maior peso já atingido. Isso acontece porque:

  • Para cada 2 kg perdidos, o metabolismo desacelera em média 25 calorias/dia.

  • O apetite aumenta em cerca de 95 calorias/dia.


Ou seja, quem perde 20 kg terá que conviver com um gasto energético 250 calorias menor por dia e um apetite cerca de 950 calorias maior. Estudos estimam que o corpo leva em torno de 6 anos para começar a ajudar na manutenção do novo peso. Muitos especialistas acreditam que, na prática, o tratamento deve ser mantido por toda a vida.


O efeito sanfona 🔄

A maioria das pessoas já experimentou o famoso efeito sanfona: emagrecer e engordar repetidamente.Antigamente, a obesidade era vista como uma corrida de 100 metros – dietas extremamente restritivas, excesso de exercício e foco em resultados rápidos. A perda de peso vinha, mas logo tudo era abandonado e o peso retornava.


Hoje entendemos que a obesidade é uma maratona. O emagrecimento é apenas a primeira etapa; o verdadeiro desafio é manter os novos hábitos por longos anos, mesmo quando o peso alcançado ainda não é o ideal. Persistir garante que o corpo fique num patamar melhor do que o inicial.


O que a ciência nos mostra 🔬

Pesquisas de especialistas como o Dr. Lee Kaplan (Harvard Medical School) revelam que a massa de gordura corporal é rigidamente regulada pelo cérebro. No obeso, esse ponto de equilíbrio está desajustado para cima.Experimentos mostram que tanto humanos quanto animais tendem a voltar ao peso original após dietas restritivas ou mesmo procedimentos como a lipoaspiração. Isso acontece porque o corpo aumenta o apetite e reduz o gasto energético até recuperar a gordura perdida.


Esses achados reforçam: não basta apenas comer menos e se exercitar mais. É preciso um tratamento abrangente, que atue também na fisiologia da obesidade.


Estratégias para manter o peso

O sucesso depende da combinação de diversas medidas:

1. Medicamentos
Novas drogas injetáveis, como a liraglutida, semaglutida (ozempic e wegovy) e a mais recente tirzepatida (monjauro) atuam diretamente nos centros cerebrais da saciedade auxiliando na redução do apetite e na perda de peso. 2. Fitoterápicos

Além dos medicamentos, as pesquisas com fitoterápicos tem avançado a passos largos também, com ativos de grande performance, visando tanto a diminuição do apetite quanto o aumento do gasto energético e a normalização da insulina. Alguns atuam tanto no GLP1 (modo de ação das injeções modernas para obesidade), quanto na leptina e na grelina visando reduzir o esvaziamento gástrico e aumentar a saciedade.


Alguns lançamentos atuam no aumento do gasto energético, e o diferencial é que eles não tem cafeina, o que torna seu uso mais seguro. Outros fitoterápicos atuam no microbioma intestinal diminuindo as bactérias inflamatórias e auxiliando no equilíbrio do microbioma intestinal. Outros visam aumentar bactérias, como a Akkermansia muciniphila, associada a diminuição do processo inflamatório a ao aumento da saciedade o que contribui para a perda de peso.

  • Fitoterápicos que atuam preferencialmente na saciedade:

    • Akkermat,

    • Clock,

    • Metabody,

    • Metabolaid 

  • Fitoterápicos que atuam preferencialmente no aumento do metabolismo basal

    • Green Select,

    • Sinetrol

2. Alimentação
  • Prefira alimentos naturais e integrais: frutas, verduras, legumes e grãos.

  • Reduza ultraprocessados – alimentos com listas extensas de ingredientes, comuns nos industrializados.

  • O segredo não é “fazer dieta”, mas adotar hábitos sustentáveis para a vida toda.


3. Atividade física

  • O recomendado é 150 minutos semanais (30 minutos, cinco vezes por semana).

  • Combine aeróbico, exercícios de força e alongamento para preservar músculos e manter o metabolismo ativo.

4. Sono e estresse

  • Dormir 7 a 9 horas por noite regula hormônios da fome e melhora a tomada de decisões.

  • Gerenciar o estresse reduz o cortisol, que em excesso dificulta a manutenção do peso.

5. Microbiota intestinal

Uma microbiota equilibrada melhora a digestão, aumenta a saciedade e reduz a inflamação. Lactobacillus e outros probióticos podem ser aliados nesse processo.

A Akkermansia muciniphila é associada à redução da inflamação e ao aumento da saciedade.


Engordei de novo – e agora?

Recuperar peso faz parte da experiência de quem luta contra a obesidade. Isso não é fracasso, é apenas um sinal de que o tratamento precisa ser ajustado. Pode ser necessário mudar medicamentos, rever a alimentação ou intensificar os cuidados com o sono e a atividade física. O importante é não voltar aos antigos hábitos.

O caminho é contínuo

A obesidade precisa ser encarada como uma jornada de longo prazo. O emagrecimento é apenas a primeira etapa; o maior desafio é manter os novos hábitos ao longo dos anos.E mesmo quando os resultados parecem lentos ou insuficientes, qualquer peso menor que o inicial já é uma vitória para a saúde.


👉 Mensagem final: a obesidade não é uma corrida de 100 metros, mas sim uma maratona. O tratamento é contínuo, exige persistência e, muitas vezes, precisa durar a vida toda. Mas cada esforço vale a pena – porque manter o peso é garantir mais saúde, mais qualidade de vida e mais bem-estar.

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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.


Para saber mais:

van Baak MA, Mariman ECM.Nat Rev Endocrinol. 2023 Nov;19(11):655-670. doi: 10.1038/s41574-023-00887


 

Hwalla N, Jaafar Z.

Diagnostics (Basel). 2020 Dec 25;11(1):24


Mann T, et al.

Am Psychol. 2007 Apr;62(3):220-33


Obesity (Silver Spring) . 2011 Jul;19(7):1388-95.

J Clin Endocrinol Metab. 2008 Nov;93(11 Suppl 1):S37-50.


Tseng CH, Wu CY.

J Formos Med Assoc. 2019 Mar;118 Suppl 1:S3-S9.


Lee CJ, Sears CL, Maruthur N.Ann N Y Acad Sci. 2020 Feb;1461(1):37-52


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