OBESIDADE - FITOTERAPIA
- Berenice Cunha Wilke
- 17 de set.
- 4 min de leitura
A obesidade é uma doença crônica e, como tal, exige um tratamento de longo prazo. O controle do excesso de peso não depende de um único fator, mas sim da integração de diversos pilares: alimentação saudável e equilibrada, sono adequado, prática regular de atividade física, função mitocondrial eficiente e equilíbrio emocional.
Nesse cenário, os fitoterápicos podem se tornar aliados importantes. Eles atuam em diferentes vias metabólicas que contribuem tanto para a perda de peso quanto para a manutenção dos resultados. Vale lembrar que a resposta ao uso varia entre indivíduos, pois cada organismo reage de maneira única.
Embora cada fitoterápico possa ter múltiplos mecanismos de ação, os principais efeitos podem ser agrupados em cinco grandes frentes:
1.Redução do apetite
Akkermat® – Extrato padronizado com 2% de capsaicinóides obtidos do Capsicum frutescens (pimenta malagueta e tabasco).
Atua sobre os hormônios GLP-1, leptina e grelina, promovendo saciedade (o GLP-1 é o mesmo alvo terapêutico do medicamento Ozempic® e Wegovy®).
Melhora a microbiota intestinal, estimulando o crescimento da Akkermansia muciniphila, bactéria associada à redução de peso.
Possui efeito termogênico, favorecendo maior gasto energético.
Feito com a tecnologia Fenumat® que garante biodisponibilidade 19 vezes maior, com liberação intestinal controlada, o que evita a degradação no estômago.
Garcinia cambogia - extrato padronizado em 50% de ácido hidroxicítrico. Tradicionalmente usada em estratégias para controle da fome e redução da compulsão alimentar.
2.Diminuição da absorção de carboidratos
BeanBlock® – Fitoativo derivado do feijão branco (Phaseolus vulgaris).
Inibe a enzima α-amilase, reduzindo a digestão e absorção de carboidratos.
Auxilia na perda de peso e na redução da circunferência abdominal.
3.Diminuição da absorção de gorduras
Okralin® – Derivado do quiabo da Tunísia, rico em pectina, inulina e ácido cítrico.
Atua de forma sinérgica para reduzir a absorção de gorduras alimentares.
Favorece o equilíbrio metabólico e auxilia na prevenção de ganho de peso.
4.Aumento da taxa metabólica basal (termogênese)
Greenselect Phytosome® – Extrato da Camellia sinensis (chá verde), padronizado em 60% catequinas e 40% epigalocatequina, sem cafeína.
A tecnologia fitossomal aumenta sua biodisponibilidade.
Promove termogênese (maior gasto energético) e reduz absorção de carboidratos e gorduras.
Clock® – Fitocomplexo que combina alecrim (Rosmarinus officinalis) e lírio-de-um-dia (Hemerocallis fulva).
Estimula a produção de irisina, hormônio liberado pelos músculos durante a atividade física.
Aumenta a massa magra, fundamental para manter o metabolismo ativo.
Melhora o metabolismo da glicose e da gordura, auxilia no combate à síndrome metabólica e ainda apresenta efeitos benéficos sobre cérebro, fígado, ossos e tecido adiposo.
Estudos apontam papel da irisina na prevenção de doenças neurodegenerativas.
Sinetrol® – Complexo de frutas cítricas (laranja vermelha, laranja-doce e toranja) associado ao guaraná.
Padronizado em naringina.
Atua como antioxidante, lipolítico (quebra de gordura) e termogênico, contribuindo para a perda de peso.
5.Melhora da sensibilidade à insulina
Metabolaid® – Extrato padronizado que auxilia no controle da glicemia, reduzindo resistência insulínica.
MetaBody® – Obtido da casca da jabuticaba (Myrciaria cauliflora), padronizado em 4% de antocianinas.
Estimula a produção de adiponectina, hormônio que melhora o metabolismo da glicose e das gorduras.
Possui efeito anti-inflamatório e contribui para a prevenção do diabetes.
Pesquisas da Unicamp mostraram que o extrato da casca da jabuticaba previne diabetes, reduz esteatose hepática e melhora glicemia e colesterol em modelos experimentais.
6.Melhora da flora intestinal
Biomansia® – Probiótico de nova geração, contendo a bactéria Akkermansia muciniphila.
Estimula a produção de GLP-1, hormônio intestinal que promove saciedade, reduz a fome e melhora o metabolismo da glicose e da gordura.
Conclusão
Os fitoterápicos oferecem diferentes mecanismos de ação que podem ser integrados ao tratamento da obesidade. Eles não substituem mudanças no estilo de vida, mas podem potencializar os resultados e ajudar a manter o equilíbrio metabólico. Mais do que acelerar o emagrecimento, esses recursos criam um ambiente favorável para a saúde metabólica, tornando o tratamento mais sustentável e eficaz a longo prazo.
Fitoterápicos x Medicamentos: quando optar por cada um?
📌 Quando escolher fitoterápicos?
Excesso de peso leve a moderado
Prevenção e manutenção a longo prazo
Busca por menos efeitos colaterais
Necessidade de suporte metabólico contínuo
Associação com mudanças de estilo de vida (alimentação, exercício, sono, equilíbrio emocional)
💊 Medicamentos

Geralmente são preferíveis em casos de sobrepeso mais avançado, obesidade e nas quando existe concomitância de doenças metabólicas associadas, como a diabetes de tipo II e os problemas cardiovasculares.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Si, J., Kang, H., You, H. J., Ko, G. (2022).
Gut Microbes, 14(1), 2078619.
Yue, C., Chu, C., Zhao, J., Zhang, H., Chen, W., & Zhai, Q.
Journal of Functional Foods,2022; 93, 105093.
Influence of a Novel Food-Grade Formulation of Red Chili Extract (Capsicum annum) on Overweight Subjects: Randomized, Double-Blinded, Placebo-Controlled Study.
Joseph MSc A, John PhD F, et all.
J Diet Suppl. 2021;18(4):387-405.
M. Plaza, A.G. Batista, C.B. Cazarin, M. Sandahl, C. Turner, E. Ostman, M.R. Marostica Junior,
Food Chem. 2016 Nov 15;211:185-97.
Food Res Int . 2021 Sep;147:110518.
Luzzi R et al.
Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2014;18(20):3120- 3125.






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