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FUT2 – SNP QUE AFETA O MICROBIOMA E A VITAMINA B12.

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 8 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de abr. de 2024

As moléculas da superfície das células do nosso intestino, assim como de todas as superfícies do nosso corpo que tem contato com o meio exterior, são usadas pelas bactérias e vírus e fungos como sinais de identificação fazendo uma seleção dos microorganismos que irão colonizar essas regiões.


A boca, o sistema digestivo, a bexiga, o útero e o sistema respiratório tem um contato com o meio exterior e a presença dessas moléculas de superfície são importantes para o tipo de microbioma que irá se formar.


O FUT2 é responsável pela produção da alfa (1,2) fucosiltransferase que é responsável pela biossíntese do sistema ABO nas secreções corporais.


As pessoas que tem o FUT2 funcionante secretam os antígenos do sangue ABO nas secreções do corpo, de acordo com o tipo de sangue de cada pessoa, e são portanto chamadas de secretores.


Esses antígenos funcionam como locais de reconhecimento e fixação para diversas bactérias que habitam nessas regiões.


As pessoas que tem a variação do FUT 2 que não secreta esses antígenos nas secreções são chamadas de não secretoras.


O FUT2 também participa da fabricação de um prebiótico, a fucosilactose que é um nutriente importante para o microbioma benéfico.


No intestino dos secretores oferece nutrição adequada e uma facilidade para a fixação dos micróbios amigáveis, que reduzem a colonização e a atividade dos micróbios ruins. Esse ambiente simbiótico é favorável ao crescimento de bactérias probióticas, principalmente das bifidobactérias.


Nos não secretores do FUT2, os microorganismos patogênicos tem maior facilidade para colonizar a mucosa intestinal e, por outro lado, as bactérias probióticas que poderiam conferir alguma proteção, como as bifidobactérias, são reduzidas devido a falta da fucose para sua nutrição.


Os polimorfismos do FUT2 estão associados a diversas doenças como: doença de Chron, uma doença inflamatória intestinal, doença celíaca, diabetes de tipo 1, infecções urinárias de repetição, candidíase vaginal, úlceras pépticas e duodenais, menor resistência ao H pylori, cáries dentárias, tártaro dentário e a otite média recorrente.


Esse polimorfismo, que afeta 20% da população, explica por que algumas pessoas têm mais dificuldade em se recuperar ou continuam sofrendo de distúrbios digestivos e patologias inflamatórias, independentemente dos tratamentos utilizados. Os não secretores tenderão a desenvolver disbiose com mais facilidade (inchaço, refluxo, distúrbios de trânsito, dor abdominal) e doenças associadas a uma microbiota ruim.


O ponto positivo é que agora é possível contrabalançar esse déficit com a contribuição de prebióticos naturais específicos.


Cerca de 20% dos indivíduos, em várias populações do mundo, não conseguem secretar ABO em fluidos corporais e são chamados de não secretores.


Os principais SNPs do FUT2 são: rs602662, rs492602 e rs601338.


A IMPORTÂNCIA DO STATUS SECRETOR OU NÃO SECRETOR DO GENE FUT2 NA MÃE QUE AMAMENTA

As mães que tem o FUT2 secretor, secretam no leite materno oligossacarídeos fucosilados que são nutrientes importantes principalmente para as bifidobactérias e para a formação de uma microbiota saudável.


Nas mães que possuem o gene FUT2 não secretor tem a instalação de uma flora rica em bifidobactérias atrasada.


VITAMINA B12

Os estudos mostram que as pessoas que possuem o gene FUT2 não secretor tem uma absorção menor da vitamina B12.


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Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para saber mais:


Uma História Natural do Polimorfismo FUT2 em Humanos

Anna Ferrer-Admetlla. Mol Biol Evol Sep. 2009; 26 (9): 1993-2003.



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